Outras ações afirmativas da consciência negra.
Não é só no dia da consciência negra que se deve trabalhar e desenvolver a nossa consciência. E não é diferente com os capoeiristas agentes que iremos mostrar aqui. Inúmeras atividades foram desenvolvidas em diversos estados, como Sapé, Fortaleza (CE), Itapipoca (CE) e Rio de Janeiro; além da atividade já mencionada na postagem anterior, feita em João Pessoa – PB. Anailton é Treinel de Capoeira Angola e mora em Sapé - PB, atua com poesias e sempre é convidado pra entrevistas envolvendo a negritude em sua cidade, ele também atua como ator. Abaixo é possível ver o cartaz de sua participação, ao vivo, pelo Facebook.
O treinel, bailarino e percussionista, Clodoval, reside no Rio de Janeiro, no bairro de Rio das Pedras, realiza um trabalho com crianças, jovens, adultos e idosos em praça pública e também fez sua ação afirmativa, com um evento importantíssimo sobre a historicidade da Capoeira. Seu evento teve o apoio dos Mestres Mulatinho e Eudes, residentes no bairro Padre Miguel, além dos alunos Hugo e Felipe. É importante mencionar a relação academia e capoeira, ou academia e tradição popular, pois muitas vezes alunos ou capoeiristas mais experientes, utilizam-se de suas pesquisas acadêmicas para contribuir com a fundamentação histórica e política das tradições, prática esta que tem ajudado as tradições a se manterem frente ao poder público, além, claro, da resistência de seus praticantes.
Sam atua na grande área de Fortaleza, artesão, fabrica berimbaus, agogôs e é capoeirista, produz eventos de côco de roda, samba, dentre outros, sempre desenvolvendo atividades voltadas para a negritude. Lá em seu trabalho ocorreu ações afirmativas, como sempre ocorre. A participação em feiras e as estratégias de subsistência desses artistas e trabalhadores da cultura, negros, são importantíssimas para a manutenção e trabalho de conscientização, que por certo atingirá mentes conscientes de jovens, idosos e pessoas desejosas de ver a cultura e de dizer – “Sim! O racismo existe, ainda não morreu e podemos fazer cada vez mais para transformar a sociedade”. Existem pessoas que nascem com a semente da conscientização e outras não, os reacionários tendem a ser agressivos e comprar o discurso opressor da burguesia, nós temos que trabalhar; cuidar para que a violência contra a população negra tenha fim, haja vista que o fim da escravização do povo negro ainda não acabou, de algum modo.
Pão de Ouro e Beterraba também realizaram seus trabalhos em Itapipoca, no interior do Ceará, lá os trabalhos são feitos com crianças e jovens, como pode ser visto na imagem a seguir. Beterraba encontra-se no centro da imagem e também é Juremeiro. O trabalho com jovens e adolescentes é importantíssimo, para que esses não se esqueçam da cultura, brinquem, divirtam-se e não fiquem a mercê da mídia imperialista e ludibriadora, não que a mídia não tenha que existir, mas que haja as diversas opções para os jovens, que eles tenham a ciência de Zumbi, Besouro, Dandara, Zé Pelintra, por que não? Dentre ancestrais da cultura popular, que foram figuras populares, negros(as), oprimidos(as), mas que essa marca da opressão seja lembrada, mas não seja a principal, que a alegria predomine.
Todas essas atividades marcam as lutas contínuas pela consciência étnica do povo negro, indígena e, sobretudo, periférico. O professor Paulo Sérgio deu início ao seu contato com a Capoeira através do Contra Mestre Marivan, no Lar Fabiano, como mencionado na publicação anterior (Ver o trabalho do contra mestre). Posteriormente mudou-se para o Pará, onde vive em uma comunidade indígena e quão importante é esta vivência, lá também realizou evento afro, seu apelido na capoeira é Nêgo. Além disso, o professor é percussionista e ativista cultural desde bem jovem.
Com isso finalizamos a exposição desses lutadores, ativistas e trabalhadores da cultura afro, são trabalhos “simples”, mas que possuem uma riqueza pedagógica monumental e importantíssima para cada jovem, adulto ou idoso que participa de um momento especial como esse. Sem discriminação religiosa, mas sabemos que o avanço do fundamentalismo só tem aumentado e que muitos setores negro-periféricos têm sido levados pelos discursos de ódio e trabalhos como esse só nos enaltece, nos alegra e nos mostra a luz da prosperidade de nossa alma.
Que sigamos na luta!
Pelo fim de toda forma de racismo e opressão!
Viva a cultura afro-indígena e popular!
Viva a Capoeira!
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